segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

"O corpo é o inconsciente visível", afirmava Wilhelm Reich. É o nosso texto mais concreto, nossa mensagem mais primordial, a escritura de argila que somos. É também o templo onde outros corpos mais sutis se abrigam.
A pele é a ponte sensível do contato com o mundo e pode ser também um abismo. É o nosso órgão mais extenso, é nosso código mais intenso, um lar de profundas memórias. O corpo sente, toca, fala, comunga. Vida incorporada, corpo da vida.
Hoje sabemos o quanto nos desviou da saúde integral a concepção moderna que dissociou o corpo da alma e do espírito. Perdemos a coesão e a congruência; mais do que isto, perdemos a transparência. A fragmentação epistemológica também se refletiu no indivíduo e na sociedade, separando o organismo do meio ambiente, enfatizando as fronteiras e os conflitos. Alienação diabólica, já que diablos é o que divide, o fator tanatológico básico. Divino é o que vincula, unifica e restaura a inteireza vital.

introdução de Roberto Crema - Jean-Yves Leloup. O Corpo e seus Símbolos: uma antropologia essencial. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

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